A história – desconhecida – de uma foto

Eu conheço a Luciana há uns 15, 16 anos. O Carlos apareceu na minha vida bem mais tarde, lá pelos idos de 2005, na época em que aprendi que minha sala de oitava série cheia de rostos conhecidos e amigos unidos tinha acabado e que o tão temido Ensino Médio podia ser incrível e cruel na mesma medida.

Os dois sempre foram amigos muito próximos – não só de mim, mas também entre si -, mas assim como aconteceu com a maioria dos meus amigos daquela época a vida acabou nos levando pra destinos diferentes. A distância aumentou e a amizade também, mas nem por isso esqueci dos dois eu deixei de me comunicar com eles de alguma maneira. Facebook tá aí pra isso, né gente?

Mas há algumas semanas uma coisa no mínimo bizarra aconteceu. A Luciana me enviou uma foto no facebook que eu nunca tinha visto, preta e branca e datada de 1953.

Uma foto com três rostos desconhecidos.
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Três rapazes possivelmente amigos em uma foto de final de semana? Três caras que estudavam juntos e que tiveram uma foto batida assim aleatoriamente? As teorias são muitas, mas fico me perguntando se naquela época era tão comum assim bater fotografia a la vonté, ou se esse tipo de coisa ficava reservada apenas para ocasiões especiais. E reparem nos detalhes, no fundo da foto! É uma foto montada, ensaiada…

Mas o fato é que essa foto que completa 60 anos de vida agora em 2013 tem muito a ver comigo, mesmo que eu não soubesse disso antes de vê-la.

Essa foto fala um pouco sobre a minha vida, e sobre a vida da Lu e sobre a vida do Carlos.
Isso porque o homem da esquerda, sentado em cima do cavalinho é o avô da minha amiga. No centro, meu avô, em um dos únicos retratos onde tive a oportunidade de vê-lo tão jovem. Na ponta direita, para fechar o trio, o tio-avô do Carlos.

Como eu disse, não sabemos em que circunstância essa foto foi tirada, mas dos três, o único ainda vivo é meu avô, o único que talvez possa me explicar sobre essa coincidência maluca de 60 anos depois eu estar aqui vendo essa foto e localizando três famílias diferentes unidas em gerações diferentes.

No Natal, quando for para a casa dos meus pais festejar, pretendo levar a foto comigo e, quem sabe, descobrir um pouco mais sobre ela.

Pra mim nunca fez tanto sentido pensar em como esse mundo é pequeno.

O mundo é bão, Sebastião

 

De vez em quando me vem uma mania boba de ficar sonhando acordada com coisas bem reais, mas distantes do meu mundo. Viagens, mapas, histórias, vida sem fronteiras…
Não que elas sejam impossíveis, até porque quando sobre um dinheirinho a mais dá pra fazer um passeio, dá pra curtir novos ares, dá pra experimentar um pouco dessa vida “deixa viver”. O problema é que não dá pra ser assim o ano inteiro, né? Primeiro porque não ter porto certo implica em abrir mão de outras tantas coisas: estudos, trabalhos, pessoas. Eu não sou a pessoa mais apaixonada por cotidianos, gosto de detalhes, dias, pequenas supresas que mudem a rotina ou mesmo que deixem um gostinho de quero mais depois de acontecidas, mas ao mesmo tempo eu prezo muito por essa minha vida de agora. Se pudesse viajar mais, bem, é claro que viajaria, – até porque os planos não são poucos e vire e mexe estou discutindo um lugar para ir com o Di ou algum intercâmbio que venha a aparecer – mas acho que se eu não tenho um porto certo fico perdida, sem chão. Gosto do meu mundo, gosto dos meus planos de viagem, gosto de pensar que um dia vou realizá-los, mas gosto sobretudo de poder ter essa vida que levo agora em que planos são coisas tão gostosas de serem pensadas, em que pequenas viagens podem se tornar grandes viagens.
Aliás, essa história de pequenas viagens que podem se tornar grandes são engraçadas… já tive grandes viagens sem nem ao menos precisar sair de dentro de um ônibus! Talvez porque o dia conspirasse a meu favor, talvez porque o destino ou seja lá como você queira chamá-lo resolveu me fazer um agradinho, mas o fato é que muitas vezes, pegando um ônibus pra voltar pra casa, conheci pessoas com histórias tão incríveis e que se mostraram especialmente interessantes pra se conversar. De uma advogada apaixonada pela profissão que se divide entre São Paulo e Bauru e não consegue largar o cigarro, até um fotógrafo  de bebês que morre de orgulho de sustentar a família com seu trabalho e ver que os filhos estão tomando a mesma direção.
Pequenas histórias que cruzaram meu caminho assim, sem nem ao menos eu esperar e em poucas horas de estrada.

Fora tudo isso, viajar dá uma sensação deliciosa. Arrumar as malas, sentir o vento batendo nos cabelos ( quem não abre a janelinha do carro uma hora pra sentir o vento?), escutar uma música deliciosa pra acompanhar no ônibus ou, ainda, sentir um friozinho na barriga antes do avião decolar (ainda não andei em um, mas imagino que deva ser assim haha). Aquela sensação pré-viagem sabe, em que você tenta pensar em tudo que deve levar, em tudo que vai fazer…
Se eu tivesse mais dinheiro e tempo, com certeza faria outras tantas viagens. O número de viagens que tenho planejadas são inúmeras e cada uma tem seu gostinho especial, seu motivo certeiro, sua importância exata. Conhecer outros países, com culturas, línguas, histórias diferentes, mas também conhecer as raízes do que temos aqui, desse país tão heterogêneo que é o Brasil.
De tudo isso, fica a vontade de viajar e descobrir o mundo e a mim mesma, mas, sobretudo, ter meu porto pra voltar depois.